Querer é diferente de Gostar - O circuito do desejo
- Francisco Bertoldi Neto
- 21 de fev.
- 2 min de leitura
Com certeza você já ouviu falar sobre a dopamina, mas hoje vou te mostrar como ela age em situações em que o "remorso do comprador" acontece.
A dopamina é um neurotransmissor conhecido como a "molécula do prazer", porém, o correto seria dizer que a dopamina é a "molécula da expectativa", pois ela cria o circuito do desejo no nosso cérebro.
Para que você possa entender melhor quando a dopamina entra em ação, basta fazer a seguinte analogia:
“O que está na terra não libera altas doses de dopamina e sim aquilo que está no céu.”
Ou seja, aquilo que já está ao alcance das nossas mãos não gera tanta expectativa quanto aquilo que ainda queremos alcançar.
Sabe quando você quer trocar seu carro pelo carro dos seus sonhos e finalmente tem condições financeiras de realizar esse desejo? Você fica naquela expectativa, contando os minutos para poder tocá-lo e dirigi-lo pela sua cidade, mostrar para seus amigos e familiares.
Passados alguns dias usufruindo da sua nova aquisição, toda aquela sensação de euforia já se foi. Você começa a se questionar se realmente foi uma boa compra ou se suspeita de ter sido influenciado pelo vendedor a realizar essa compra. Esse é um exemplo claro do circuito do desejo quebrando sua promessa.
Como assim, o "circuito do desejo" está quebrando uma promessa?
Ele havia lhe dito que, se você comprasse esse carro, sua vida nunca mais seria a mesma. Mas, ao se tornar dono do carro, os sentimentos de euforia e satisfação duraram muito menos do que você imaginava.
Mas porque isso acontece?
O circuito do desejo não tem influência nenhuma no sentimento de satisfação. Esse é o papel de outras moléculas, conhecidas como A&A (Aqui e Agora, ou seja, moléculas do presente), que são responsáveis pelo sentimento de satisfação.
Assim que antecipamos o desejo de comprar algo que queríamos muito, nosso sistema de dopamina é ativado, gerando euforia e entusiasmo. Uma vez que a posse desse carro é assegurada, o sistema de dopamina é desligado, pois esse objeto sai do "céu" e chega na "terra".
Esse sentimento do "remorso do comprador" é uma falha da atuação das moléculas A&A em superar o nível de expectativa gerado pela dopamina.
Mas quando essa atuação das moléculas A&A supera a atuação das moléculas de dopamina?
Quando você faz uma compra "inteligente", ou seja, que realmente trará uma melhora na sua qualidade de vida – uma ferramenta ou computador novo que vai melhorar sua produtividade no trabalho, por exemplo –, a atuação das moléculas A&A tende a ser maior que a perda da emoção causada pela queda dos níveis de dopamina.
Moral da história: Temos três soluções possíveis para o "remorso do comprador":
Perseguir altos níveis de dopamina comprando mais. Algo totalmente não recomendável.
Evitar os picos e quedas repentinas da dopamina, comprando menos.
Fortalecer a sua capacidade de fazer compras inteligentes.
Lembre-se: Querer e gostar são sentimentos produzidos por sistemas diferentes dentro do cérebro; por isso, muitas vezes não vamos gostar daquilo que um dia desejamos.
Fonte: Livro “Dopamina a molécula do século” de Daniel Z. Liberman e Michael E. Long
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